O mais influente treinador da história do futebol
- Treinador Vinicius Munhoz
- 30 de ago. de 2024
- 4 min de leitura

Declarar Johan Cruyff como o treinador mais influente da história do futebol é, na verdade, uma provocação.
Um desafio à narrativa tradicional que o coloca como gênio tático, o arquiteto do Futebol Total e principal influenciador das ideias de formação pertencentes a “La Masia”, entre outras realizações voltadas aos aspectos técnicos e táticos do jogo.
Para perceber sua sabedoria, no entanto, é necessário desvendar as camadas ocultas por trás do mito, mergulhar na mente de um homem que, como ele mesmo diz, "aprendeu tudo por experiência".
Para escrever este artigo sobre Cruyff, usei como referência o livro: "14 A Autobiografia", distribuída no Brasil pela editora Grande Área..
Seu conteúdo não se trata de um manual de táticas, tão pouco um relato detalhado de glórias passadas.
Trata-se de um compilado de várias lições, ou usando palavras da moda, “pílulas de sabedoria”
É um convite à introspecção, uma jornada através da trajetória de um ícone que transcendeu o campo e o tempo, moldado por perdas, desafios e uma busca incessante pelo desenvolvimento pessoal e profissional.
Para facilitar o entendimento destas lições, mas principalmente instigá-lo(a) a ler o livro, quero destacar a descrição de quatro delas:
Lição de sabedoria nº 1:
Uma das formas pelas quais sua sabedoria se revela é através da capacidade de transformar obstáculos em oportunidades.
A infância no “Concrete Village”, onde o meio-fio se tornava parceiro de “tabela”, forjou um jogador técnico, com um senso de espaço impecável.
A perda precoce do pai o lançou nos braços do Ajax, onde encontrou uma segunda família, um ambiente que nutriu não apenas suas habilidades, mas também valores como disciplina e trabalho em equipe.
Cruyff, o jogador, era um gênio, mas foi ao tornar-se treinador que sua sabedoria se manifestou ainda com mais força, um maestro condutor de verdadeiras “orquestras” em campo, o casamento perfeito entre técnica, tática e humanidade.
Seu estilo de “jogar o jogo” era inconfundível e passava longe da tradicional rigidez técnico-tática, presente e recorrente em sua época.
Era adepto do “futebol total”, influenciado principalmente pelas ideias de Rinus Michels, eternizado na lembrança de pessoas do mundo inteiro por sua “laranja mecânica”.
Uma forma de jogar que exigia jogadores inteligentes, adaptáveis e, acima de tudo, unidos por um objetivo comum.
Lição de sabedoria número 2:
É importante destacar que a sabedoria de Cruyff ia além das 4 linhas que limitam o campo de jogo.
A criação do Sindicato Holandês de Jogadores, a luta pelos direitos dos atletas, a insistência em registrar seu filho Jordi com um nome catalão durante a ditadura franquista, reforçavam a figura de um homem que não se calava diante da injustiça e que usava sua influência para lutar por aquilo que acreditava ser justo e honesto.
Sua autobiografia, em diversos momentos, revela um Cruyff vulnerável, que questiona suas próprias decisões, admite erros e busca aprender com eles.
Ele relembra sua desastrosa aventura com a criação de porcos, a decepção com a política interna do Ajax, a angústia do sequestro de sua família, mostra um homem que, apesar de sua genialidade, era humano, sujeito a falhas e que, mesmo seguro de suas ações, vez ou outra incorria em dúvidas.
Lição de sabedoria número 3:
A sabedoria de Cruyff é também percebida na sua capacidade de se reinventar, de se adaptar a novos desafios.
A experiência nos Estados Unidos, por exemplo, onde teve que explicar o básico do futebol em um programa de televisão, o levou a uma nova compreensão do futebol como entretenimento, um movimento social transformado em negócio, onde cativar o público, é fundamental.
A frase que dá título ao artigo: " O mais influente treinador da história do futebol" é sim provocativa, mas é exatamente esse o objetivo ao escrevê-lo.
Quero provocar, em você, curiosidade, convidá-lo a experimentar o conteúdo e o valor do livro.
Tenho certeza que ao terminar sua leitura, você verá Johan Cruyff com outros olhos.
Lição de sabedoria número 4:
O livro chama atenção pela qualidade na narrativa, pela forma de entregar a ideia ao leitor.
Neste sentido, ganham destaque suas frases, muitas delas memoráveis.
É preciso ter um domínio considerável do pensamento e da linguagem para sintetizar em frases simples conceitos que, para pessoas desprovidas de tal capacidade, são necessárias dissertações ou mesmo teses sobre o tema.
Aqui vão algumas frases marcantes de Johan Cruyff:
1. “Jogar futebol é muito simples, mas jogar futebol simples é a coisa mais difícil que existe.”
2. Se você tem 60% de posse de bola, você não tem que defender por 60% do tempo.”
3. Em meus times, o goleiro é o primeiro atacante, e o atacante o primeiro defensor.”
4. “Técnica não é ser capaz de fazer malabarismos com uma bola. Qualquer um pode fazer isso com treino. Técnica é passar a bola com um toque, com a velocidade certa e no pé certo do seu companheiro.”
Seriam as frases fruto da sua já consagrada maestria tática como treinador?
Ou um produto da capacidade de inspirar, de liderar a ponto de construir um legado que transcende gerações?
Desafio: Leia: "14 A Autobiografia".
Durante a leitura, busque as nuances da sabedoria de Cruyff.
Vá além dos clichês, e do que conhecemos apenas de ouvir falar, desvende as contradições que revelam o homem por trás do mito.
Aqui outras ideias importantes e que chamam a atenção em seu livro:
Suas 14 regras: Como esses princípios refletem a filosofia de vida e de futebol de Cruyff. Seriam elas ainda atuais?
As relações com Michels, Keizer, Rexach, Rijkaard e Van Basten: Como essas relações complexas revelam a natureza humana de Cruyff, suas virtudes e falhas.
O impacto social de suas ações: Como sua luta pelos direitos dos jogadores, sua postura contra o racismo e sua dedicação à “Cruyff Foundation” demonstram uma sabedoria que transcende vestiários, campos de treino e de jogo.
Ao mergulhar nessas ideias, tenho certeza de que, você treinador, irá se identificar com muitas delas, desfrutar da genialidade de Johan Cruyff, e de sua profunda sabedoria.
Segundo o ex-jogador Romário, o melhor treinador com quem trabalhou.
O homem que viveu e respirou futebol, deixando contribuições que continuam a desafiar o esporte até os dias de hoje.
Se este conteúdo fez sentido a você compartilhe com as pessoas das suas relações.
Somente assim, o blog atingirá o fim a que se destina: ajudar os profissionais do futebol, em especial o treinador, a encontrar melhores soluções e qualificar sua atuação profissional.
Grande Abraço e até a próxima!
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